Tivemos em Timor três datas comemorativas muito próximas no mês de novembro: O dia 12/11 homenagem aos moros do massacre de Santa Cruz, 17/11 aniversário da Unveridade de Timor Lorosae e 27/11 dia que se comemora a primeira independência de Timor.
O episódio de Santa Cruz, acontecido em 1991 guarda uma ferida no povo timorenses. Em meio a um protesto durante o enterro de um jovem assassinado pelos militares indonésios, os soldados abriram fogo contra a população que acompanhava o cortejo. Indiscriminadamente o povo sofreu a represália e a truculência dos soldados e foram executados numa chacina a ceu aberto e à luz do dia. O massacre ganhou repercussão internacional porque um jornalista inglês fazia a cobertura . Os jovens que morreram neste episódio viraram símbolos nacionais e são homenageados há 18 anos, instituindo assim o dia da Juventude em Timor. A tradição manda que desenterrem os restos mortais e em cortejo pela cidade, acompanhados de jovens vestidos de preto encenam o funeral, e levam os caixões para serem novamente enterrado. O ponto de partida é a catedral da cidade, percorrem as principais ruas de Dili em direção ao cemitério de Santa Cruz, onde lá chegando é rezado missa campal. Algumas famílias dos mortos de Santa Cruz recebem a homenagem em suas próprias casas, porque lá estão sepultados seus entes. Na ocasião dos conflitos as forças de resistência se entrixeiraram nas montanhas, por não haver tempo para velórios e o risco de represália nos combates de rua, as pessoas optaram por sepultar seus morto nos quintais de suas casas. É comum encontrar casas com quintais espaçosos, árvores, jardim e um jazigo. À noite o espetáculo fica por conta das famílias e suas crianças que acendem velas nas portas de sua casa enfeitando as calçadas. Impressionante ver como a cidade fica iluminada com milhares de velas. As crianças, naturais adoradores de fogo cuidam quando alguma vela se paga, o que por aqui é difícil pela falta de vento, nos cortejos durante o dia elas ficam acesas sem nenhum esforço. Alguns grupos de jovens fazem rodas nas calçadas, cantam e bebem seus mortos. As velas queimam até o fim e deixando a parafina derretida marcar as calçadas, como antes mancharam de sangue.
O segundo evento foi o aniversário da Universidade de Timor Leste (ou Timor Lorosae como eles chamam) que completa 9 anos. A Universidade já existia, estava sob o comando da Indonésia. Com a retirada todos os professores também foram embora, ficando assim um abismo na formação dos timorenses. Mas como a memória e a história recente do país pedem ajustes, os cursos foram remodelados, professores foram trazidos para iniciar a cooperação internacional e formar novos mestres em Timor, e com essas mudanças nova grade curricular foi instituída. Houve missa no salão de eventos da Universidade que está ao lado do ginásio de esportes, acompanhado pelo coral da Universidade. Uma curiosidade do coral é que deram suporte à missa com os cânticos religiosos, e apresentaram além do hino de Timor, o Hino da Universidade, entre outras peças de composições em tetum. A presença da igreja é bastante forte, é percebido quando da oferta da hóstia, todos os presente e os integrantes do coral foram tomá-la (menos os brasileiros a excessão de uma).
O evento teve vários oradores e o reitor da Universidade de Timor Leste o Sr Benjamim de Araujo e Corte-Real, no seu discurso, salientou a importância das cooperações internacionais, dentre elas a do Brasil. Fez uma citação onde "ao mesmo tempo em que há muitas organizações internacionais e muitos acordos de cooperação, e que esta só é possível porque há no povo timorense o espírito de cooperante, sem isto não adiantaria tantos investimentos". E também de forma crítica dirigiu-se a determinados organismos que "se dizem cooperadores, mas que seus interesses NÃO SÃO os mesmo dos timorenses".(palavras do reitor)
Pátio interno da Universidade Nacional do Timor
Outra tomada da parte interna.
Missa solene.
Grupo de dança com alunos da Universidade
O reitor ao centro e o Bispo
Um close com a bandeira de Timor
O terceiro evento do mês foi a comemoração da primeira independência de Timor Leste, datado de 1975.
Por conseqüência da queda da ditadura de Salazar em Portugal, este deixa de ser colonizador de Timor. Imediatamente uma junta decreta a independência, onde, em uma semana apenas de nação independente as forças armadas da Indonésia invadiram por mar e terra o Timor Leste, e anexaram o país ao seu território. Isto aconteceu porque Timor como um todo é uma ilha dividida em dois territórios, leste e oeste.
O lado oeste pertence a Indonésia pelos tratados entre Portugal e Holanda no final do Sec XVIII.
O presidente Jose Ramos Horta, premio nobel da paz, proferiu seu discurso em tetum, o que infelizmente este emissário não compreende ainda.
O evento aconteceu em frente ao palácio do primeiro ministro Xanana Gusmão e estiveram presentes autoridades locais e diplomáticas do paises membros da CPLP (Cooperação aos Países de Lingua Portuguesa) e o povo timorense.
A animação ficou por conta de artistas populares e grande queima de fogos.
O presidente Jose Ramos Horta
Grupo de música popular timorense.
Boa Tarde Vladimir,
ResponderExcluirAqui em São Paulo ainda é boa tarde, aí não sei. Depois de um dia de CAOS total, com a cidade alagada, as marginais Tietê e Pinheiros totalmente invadidas pela água, segundo os especialistas, pelo fato da PMSP não estar fazendo o que devia, isto é, limpar e tirar os lixos dos rios, estive vendo as fotografias e os registros que você postou no seu Blog. São muito interessantes. As informações permitem que a gente compreenda um pouquinho do Timor Leste. Pelo que pude depreender, existem muitas coisas por fazer, no sentido de contribuir para a sobrevivência desse Povo. Na educação fiz um contraste com um artigo que li, hoje, sobre a educação na Finlândia. Que diferença! Por isto que eu tenho repetido sempre, Paulo Freire vive e deve estar saudando você e os nossos colegas por tudo que estão fazendo.
Um grande abraço e boa sorte.
enéas
Boa tarde Vladimir,
ResponderExcluirPara você que está longe, muito longe, realizando um sonho, um boa tarde especial. Espero que tudo esteja transcorrendo dentro da normalidade, se é que existe normalidade. Nesses dias em que no nosso Brasil tudo se volta para a comemoração das festas natalinas, da passagem do ano e daqui a pouco, do carnaval, quero deixar uma mensagem de otimismo e de crença mesmo, que 2010 vai ser melhor para o Brasil, para o Timor Leste e para o Mundo, graças a ações como a que você esta realizando. Um feliz natal, um ótimo ano de 2010.
Um grande abraço solidário,
Enéas